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jun 26th

Empreendedores disruptivos – Entrevista com Eric Ries

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Eric Ries é reconhecido mundialmente por criar e defender o tema da Startup Enxuta.  Com a disseminação do conceito, o empreendedor-escritor recebe convites para falar sobre sua metodologia tanto para negócios de inovação tecnológica quanto para multinacionais. Em uma entrevista para o Mc Kinsey Global Institute , Ries aborda como as empresas estão preocupadas com o poder disruptivo da tecnologia, algo capaz de tornar o ambiente de negócios muito mais competitivo e inseguro, mesmo para gigantes globais. Com a democratização da tecnologia, nenhum gigante  de mercado está seguro porque  qualquer garoto com um cartão de crédito com limite de mil dólares se torna uma grande ameaça. Nesse novo cenário, é preciso mudar o paradigma da inovação e aceitar o “fracasso produtivo” como base para renovação. Eric Ries mostra, nessa entrevista, a importância da política pública pró-empreendedorismo como forma de ajudar no desenvolvimento de novos negócios. “Empreender em startups são experimentos. Assim como em um laboratório de ciências, quanto mais testes você executar, mais chances terá de criar algo grandioso”, afirma Ries. Entrevista na íntegra aqui

Assista o vídeo da entrevista e abaixo a transcrição em português:

Alugando os meios de produção

Eu passei muito tempo em grandes empresas nas quais sou considerado como uma espécie de especialista em inovação, ou seja lá o que isso signifique. Isso é um paradoxo? Eu não sei. Isso é uma contradição em termos? Você pode ser um especialista a inovação? Eu não sei. Mas de qualquer forma, eu recebo muitos telefonemas de grande empresas que querem saber: “Por que minha grande empresa precisa inovar?” E eu sempre digo a mesma coisa: “Porque se não o fizer, vai morrer”. E eles ficam tão ofendidos. Como, “Somos uma empresa com 100 anos de mercado”, “Nós somos o líder de mercado”, “Eu sou, tipo…” Ei, escute! Ouça! Você me chamou. Eu só estou dizendo o que penso. Então, tento dizer histórias sobre um garoto com um cartão de crédito, com limite de mil dólares, e que acabei de vê-lo construir um produto que, do ponto de vista do consumidor, é indistinguível de seu produto altamente polido, de última geração, bem estabelecido. E a sua reação é sempre a mesma: “Bem, vamos comprar esse garoto, se o seu produto for bem-sucedido”. Então eu digo:, “Você não está entendendo a moral da história. Não é que este garoto com um cartão de crédito pode fazer isso; qualquer pessoa com um cartão de crédito pode adquirir meios de produção e competir com você, em uma base de primeira classe em seu mercado. É que não está lidando com um concorrente potencial, mas com milhares ou milhões. Você está realmente preparado para a inovação nesse ritmo? E é geralmente quando desligam o telefone e dizem: “Eu vou chamar um especialista diferente para nos dizer quais cartazes colocar na parede. Estamos à procura de respostas fáceis, não esse tipo de coisa”. Mas, eu acho que isso é o mais emocionante que a tecnologia proporciona hoje. É como colocar Karl Marx em sua cabeça. Qualquer pessoa pode adquirir os meios de produção, o que significa que o empreendedorismo está se tornando verdadeiramente democratizado, e com isso, ninguém está seguro.

Fracasso produtivo

 Todos os nossos diagramas de processo [em grandes corporações] são diagramas lineares, em caixas que vão de uma maneira. Mas o empreendedorismo é fundamentalmente interativo. Assim, nossos diagramas precisam estar em círculos. Temos que estar disposto a estar errado e ao fracasso. Mas, a gestão moderna diz: “Falhar significa que você está condenado”. Por exemplo, uma das coisas que eu tento explicar para as empresas é para colocar na avaliação de desempenho de seus funcionários um conceito que chamamos de “fracasso produtivo”. “Quantas falhas produtivas você teve este ano?” Se alguém chega até você e afirma que não falhou, você sabe que das duas, uma coisas é certa: ou eles estão mentindo na sua cara ou são incrivelmente conservadores. Em ambos os casos, na verdade não é um atributo positivo. Você quer dizer, eu tenho um monte de exemplos agora onde é possível dizer: “Mostre-me um momento em que você falhou, mas aprendeu algo realmente valioso?” “Vocês foram capazes de mudar a partir de algo que não funcionou a algo que fez?” “Você salvou a empresa de uma incrível quantidade de dinheiro, porque em vez de gastar 10 milhões dólares em algo, que gastou 100 mil e fez um experimento que invalidava a hipótese?” O suporte de uma startup é para apoiar a aprendizagem, a equipe e ir na viagem com eles. Não se trata de opiniãoe de avaliação que vão matar decisões. É uma mudança muito grande exigida no nível executivo, gerencial e administrativo para fazer isso. Mas a alternativa é morrer. Então, eu me sinto, como, sim, é difícil, mas isso é melhor do que ter uma empresa seguir o caminho da Kodak ou BlackBerry ou, você sabe, escolher o sua  empresa favorita nos últimos anos, que passou de uma posição de mercado de US$ 100 bilhões para US$ 5 bilhões dólares. E pergunte a si mesmo, jogar pela segurança é realmente seguro? Eu não vejo a evidência de que isso seja verdade.

Políticas públicas pró-empreendedorismo

Acho que o que está acontecendo no governo hoje é muito emocionante. As pessoas olham para a disfunção política que faz com que seja para os programas de notícias a cabo, e você está, tipo, “Oh Deus, nós temos problemas”. E escute, nós temos problemas, sem dúvida. Mas, nos bastidores, fora do radar, onde as pessoas não estão dispostas a colocar as câmeras, são muito pequenos, mas acho muito esperançoso, sinais que estamos caminhando rumo uma forma totalmente nova de governança que é muito mais sobre o governo como um criador de plataformas que permitem aos cidadãos resolver os seus próprios problemas. Para mim, uma das commodities mais preciosas que o governo está acumulando no momento é de dados. E nós temos uma oportunidade de transformar esses dados em soluções úteis, se estivermos dispostos a abrir e permitir aos cidadãos, que, em última análise pagam para captação de dados, tenham acesso a eles. Então, não se trata de revelar segredos particulares das pessoas; ao contrário, trata-se de pegar os dados que já estão sendo legalmente e juridicamente recolhidos e tornar o acesso programático para tornar as informações disponíveis a todos. E quando você faz isso, você vê que inovações incríveis começam a acontecer, porque eu acho que estamos perto do que  eu chamo de uma política pública pró-empreendedorismo. Ser pró-empreendedorismo como uma questão de política pública significa fazer do governo uma ferramenta para ajudar os empreendedores a dar seus primeiros passos. Isso é o que queremos. Empreender em startups equivale a um experimento. Assim como em um laboratório de ciências, quanto mais experimentos você executar, mais chances tem de criar algo grandioso. Então você tem que se perguntar: “O que vai tornar mais provável que alguém comece uma startup em primeiro lugar?” Dados abertos é uma coisa. Se você dá às pessoas o acesso às ferramentas, as informações sobre o que está acontecendo no mundo, você dá a eles a oportunidade de tropeçar em mais novas soluções.

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